sábado, 18 de setembro de 2010

2ª Parte - Entrevista do Carvalho - Edição de 18 de Setembro de 2010 - Carlos Alberto Torres



"Beckenbauer já me pediu pra eu sondar um clube no Brasil pra fazer um convênio com o Bayern Munique"

 




CAT: Consegui também por ter contato com a empresa, o primeiro patrocinador de camisa para o Fluminense na semi-final de 1984, a Kodak. Apesar de tudo isso, nunca mais me chamaram pra trabalhar como coordenador. Tenho um conhecimento enorme lá fora. Digo que o futebol brasileiro é muito bom até chegar ao aeroporto, pois não conhecem ninguém. O Beckenbauer é como se fosse meu irmão. Mourinho é meu amigo pra car... O Wenger do Arsenal outro dia me ligou pedindo um jogador. Um representante dele virá nos próximos dias ao Rio pra levar um jogador jovem pra lá. Já teve presidente de clube me pedindo para eu colocá-lo na mesa com o Beckenbauer. Eu falei que pedisse pro diretor de futebol dele fazer isso. Se ele quer que eu faça isso, me contrate! E olha, vou te dizer uma coisa, o Beckenbauer já me pediu pra eu sondar um clube no Brasil pra fazer um convênio com o Bayern Munique. E eu vou oferecer isso pra alguém aqui? Vou querer me queimar?

OC – Você ainda tem vontade de trabalhar?

CAT: Eu tenho vontade pô! Eu quero trabalhar! Eu só não tenho convite pra trabalhar.

OC – Você sabe o por quê?

CAT: Eu acho que é por não ter um grande empresário trabalhando comigo. Se for pra trabalhar com qualquer empresário, tem um monte que me liga. Eu teria que ter, como a maioria tem, um empresário que fica em cima, trabalhando o nome do cara. O cara sai hoje, amanhã está em outro clube. Como é que pode isso? E eu também não quero ter. Você trabalhando com esses caras fica sujeito a ter que aceitar os jogadores dos caras pra jogar contigo. Agora, se alguém lembrar que eu existo, eu vou, todo mundo tem meu telefone.

OC – Como você avalia essa situação do Andrade, campeão brasileiro, desempregado, e curiosamente, também sem empresário?

CAT: Acho que é o esquema. Hoje o cara pra se dar bem, qualquer um, o Muricy não é um grande treinador, todo mundo não fala dele? Tem empresário, é o filho do Rivelino. Não tem nenhum treinador que queira realmente trabalhar que não tenha um bom empresário por trás. O esquema hoje é esse. Eu acho até que eu é que estou errado, tinha que ter um assessor de imprensa. Ninguém pode fugir disso. Tem grande jogador que não tem empresário? Nenhum. Se não tiver um esquema profissional montado, tá f... O Andrade tinha que armar um esquema em torno dele. Um empresário, um jornalista legal e dizer: “Olha, não posso te dar muito agora, mas quando eu tiver trabalhando aí melhora.” Um assessor de imprensa pra botar o nome dele na mídia, entendeu?

OC – O Gérson já disse algumas vezes que em sua carreira já entrou em campo, se reuniu com os companheiros e disse: “Olha, tudo que ele(treinador) falou lá fora esquece. Vamos fazer assim e assado.” Você já presenciou isso como jogador?

CAT: Não, não é esquecer, eu não concordo com isso. A posição do treinador tem que ser respeitada. Muitos, até a maioria, dão liberdade para o jogador dialogar com ele. Em 70 nós tínhamos liberdade com o Zagallo. Nunca vi isso não, nem como jogador nem como treinador.

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