sábado, 11 de setembro de 2010

Entrevista do Carvalho - Edição de 11 de Setembro de 2010 - Leandro Guerreiro


Concentrado desde sexta-feira, cansado do treino que acabara há pouco debaixo de um sol forte e com fome.
Mesmo assim, Leandro Guerreiro mostrou correção, gentileza e provou que o que prega numa das respostas da entrevista, segue realmente na vida. Um dos principais ladrões de bola do Brasil, e que vive há três anos, um caso de amor recíproco com a torcida Alvinegra, Guerreiro cumpriu a palavra e é o foco da entrevista do Carvalho de hoje.





Opinião do Carvalho - Leandro, torcedores do Botafogo que te conheceram, definiram você da seguinte forma, numa comunidade em sua homenagem: muito simples, humilde, gente boa, atencioso, simpático. Um dos torcedores chegou a dizer que seu nome é um dos gritos que ele mais gosta de gritar durante os jogos. Depois de uma mudança de vida radical, que você como a maioria dos jogadores deve ter sofrido, passando a ganhar muito dinheiro, o que fazer para não se perder ou se tornar uma pessoa arrogante e ao contrário, se tornar um ídolo de uma torcida imensa como a do Botafogo?

Leandro Guerreiro: Em primeiro lugar, agradeço todos esses adjetivos que os torcedores usam pra mim. Fico muito lisonjeado, muito feliz pelo torcedor gostar de mim, por ter esse carinho por mim. Eu fui criado numa família simples, numa família humilde, mas sem passar necessidades. Minha família me deu uma educação muito boa, tudo que eu precisava eu tive, tanto na infância como adolescência, portanto acho que minha humildade vem de família. Meu pai sempre frisou uma frase “Respeito é a base de tudo”. Então desde um funcionário público, desde uma faxineira, uma empregada doméstica até ao presidente, eu procuro tratar sempre muito bem. Eu gosto de conversar com todo mundo, independente da situação financeira ser boa ou não, trato todo mundo igual. Acho que o ser humano deve ser assim: não interessa o dinheiro, a situação financeira, interessa sim o caráter da pessoa e principalmente o respeito. O respeito é minha arma que eu uso na vida. Respeito todo mundo igual, e vou levar pro resto da minha vida essa lição.

OC – Leandro, você é o quarto maior ladrão de bolas entre os volantes do campeonato brasileiro. Dentre os quatro, você é o que menos comete falta. Há alguma pessoa que foi importante na sua formação como um volante que desarma ao invés de cometer faltas como a maioria?

LG: Olha, eu sempre gostei de dois jogadores, um pela raça, pela determinação, pela vibração que é o ex-técnico da seleção Dunga. É um cara que sofreu muito no futebol com aquela “Era Dunga” que frisavam como uma era derrotada em Noventa. O Brasil sofreu uma derrota e colocaram-no como maior culpado. E em Noventa e quatro ele deu a volta por cima, conseguiram ser campeões, ele levantou a taça e foi colocado lá em cima de novo como capitão de uma equipe vencedora. Pela raça, pela determinação e pelo exemplo de vida ele sempre foi um espelho pra mim. O outro, pela técnica que mostrava dentro de campo, foi o Falcão. Jogava como volante, mas tinha uma técnica que todos gostavam de ver mostrar. Juntando esses dois jogadores, seria perfeito, pela técnica do Falcão e a raça do Dunga. Costumo me espelhar neles, claro que dentro de campo você tem que estar sempre muito bem fisicamente para roubar a bola sem fazer faltas, e eu procuro jogar sempre com lealdade, com bastante determinação, nunca visando ao adversário, mas sim à bola, pois isso é essencial a um volante, roubar muitas bolas.

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